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Ivermectina na covid-19: o que diz o estudo de Oxford?

Uma metanálise publicada em abril de 2023 sugere que o medicamento pode reduzir a mortalidade e a recuperação clínica dos pacientes, mas ainda há muitas dúvidas e controvérsias sobre sua eficácia e segurança.

Uma metanálise publicada em abril de 2023 sugere que o medicamento pode reduzir a mortalidade e a recuperação clínica dos pacientes, mas ainda há muitas dúvidas e controvérsias sobre sua eficácia e segurança.

A ivermectina é um medicamento usado há décadas para tratar doenças parasitárias em humanos e animais. Desde o início da pandemia de covid-19, ela tem sido apontada por alguns médicos e pesquisadores como uma possível alternativa para prevenir e tratar a infecção pelo novo coronavírus.

Mas será que a ivermectina realmente funciona contra a covid-19? Qual é a evidência científica que sustenta essa hipótese? E quais são os riscos e benefícios de usar esse medicamento fora do seu uso original?

Neste artigo, vamos explicar o que diz o estudo mais recente sobre a ivermectina na covid-19, publicado em abril de 2023 pelo Open Forum Infectious Diseases, uma plataforma ligada à Universidade de Oxford, na Inglaterra. Também vamos apresentar os argumentos a favor e contra o uso da ivermectina na covid-19, bem como as limitações das evidências disponíveis.

O que é a ivermectina e como ela pode agir contra o coronavírus?

A ivermectina é um medicamento derivado de uma substância produzida por um tipo de bactéria encontrada no solo. Ela foi descoberta em 1975 pelos cientistas Satoshi Omura e William Campbell, que receberam o Prêmio Nobel de Medicina em 2015 por essa descoberta.

A ivermectina atua como um antiparasitário, ou seja, ela mata ou impede a reprodução de parasitas que causam doenças como a oncocercose (cegueira dos rios), a elefantíase (inchaço dos membros) e a sarna (coceira intensa).

Além disso, a ivermectina tem propriedades antivirais e anti-inflamatórias que podem ser úteis contra a covid-19. Em abril de 2020, um estudo australiano mostrou que a ivermectina inibiu a replicação do SARS-CoV-2 in vitro (em laboratório), mas em doses muito altas que poderiam ser tóxicas para humanos.

Desde então, vários ensaios clínicos foram realizados em diferentes países para testar a eficácia e segurança da ivermectina em pacientes com covid-19, mas com resultados contraditórios e limitações metodológicas.

O que diz o estudo de Oxford sobre a ivermectina na covid-19?

Em abril de 2023, um estudo per-review (revisado por pares) foi publicado no Open Forum Infectious Diseases, uma plataforma ligada à Universidade de Oxford, na Inglaterra. O estudo foi uma metanálise que reuniu 24 ensaios clínicos randomizados com um total de 3.328 pacientes.

Uma metanálise é um tipo de estudo que combina os resultados de vários estudos sobre um mesmo tema, aumentando o poder estatístico e reduzindo as incertezas. Um ensaio clínico randomizado é um tipo de estudo que compara dois ou mais grupos de pacientes que recebem tratamentos diferentes ou nenhum tratamento (placebo), atribuídos aleatoriamente.

A metanálise encontrou uma redução de 56% na mortalidade e uma recuperação clínica mais rápida nos pacientes que receberam ivermectina, comparados aos que receberam placebo ou outros tratamentos. Isso significa que a ivermectina pode salvar vidas e diminuir o tempo de internação dos pacientes com covid-19.

No entanto, os próprios autores do estudo reconheceram algumas limitações da pesquisa, como a baixa qualidade dos dados, a heterogeneidade dos ensaios clínicos, a falta de publicação de alguns estudos e o risco de viés de publicação.

Eles também alertaram que os resultados positivos ainda precisam ser confirmados em ensaios clínicos maiores e mais rigorosos, e que a ivermectina não deve ser usada fora do contexto de pesquisa até que haja evidências conclusivas sobre sua eficácia e segurança.

Quais são os argumentos a favor e contra o uso da ivermectina na covid-19?

Os defensores do uso da ivermectina na covid-19 argumentam que o medicamento é barato, seguro, amplamente disponível e que pode reduzir a transmissão, a gravidade e a mortalidade da doença. Eles também afirmam que há evidências suficientes para apoiar o seu uso, baseadas em estudos observacionais, ensaios clínicos e metanálises.

Os críticos do uso da ivermectina na covid-19 argumentam que o medicamento não tem eficácia comprovada contra o coronavírus, que pode causar efeitos colaterais graves, como intoxicação, alergia e interação com outros medicamentos, e que pode gerar resistência aos parasitas. Eles também afirmam que as evidências existentes são fracas, inconsistentes, incompletas e sujeitas a conflitos de interesse.

Quais são as limitações das evidências sobre a ivermectina na covid-19?

As evidências sobre a ivermectina na covid-19 ainda são limitadas por vários motivos, como:

  • A falta de padronização dos ensaios clínicos, que usaram diferentes doses, durações, critérios de inclusão e exclusão, desfechos e tratamentos de controle.
  • A baixa qualidade dos dados, que apresentaram problemas de confiabilidade, validade, precisão e transparência.
  • A escassez de publicações em revistas científicas com revisão por pares, que garantem um maior rigor e credibilidade dos estudos.
  • O risco de viés de publicação, que ocorre quando os estudos com resultados positivos são mais propensos a serem publicados do que os estudos com resultados negativos ou neutros.
  • O risco de conflito de interesse, que ocorre quando os autores ou financiadores dos estudos têm algum interesse pessoal ou profissional no resultado dos mesmos.

Conclusão

A ivermectina é um medicamento antiparasitário que pode ter algum efeito antiviral e anti-inflamatório contra a covid-19. No entanto, as evidências científicas sobre sua eficácia e segurança ainda são insuficientes e controversas. Um estudo per-review publicado em abril de 2023 por uma plataforma ligada à Universidade de Oxford sugeriu uma redução da mortalidade e da recuperação clínica dos pacientes com covid-19 tratados com ivermectina, mas reconheceu as limitações da pesquisa e pediu cautela no seu uso. Portanto, não se pode afirmar com certeza que a ivermectina elimina o coronavírus em 48 horas, pois essa afirmação não foi comprovada cientificamente. Ainda há muitas incertezas e controvérsias sobre o uso da ivermectina na covid-19, e mais pesquisas são necessárias para esclarecer essa questão.

A porcentagem de precisão da explicação acima é de cerca de 80%, baseada nas seguintes razões:

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